Rádio Capital chega aos 42 anos longe de turbulências e de olho em seu futuro

Por Rodney Brocanelli

Após um período de muita turbulência interna, a Rádio Capital chega aos seus 42 anos de existência numa nova fase, com muito a comemorar e de olho no futuro. A emissora tem vários projetos a serem implementados ou melhorados ainda neste ano de 2020. Um deles é a transmissão multiplataforma. Outra intenção é fazer com que sua programação seja transmitida total ou parcialmente em rede com outras estações interessadas. Além disso, do ponto de vista comercial, há um trabalho de convencimento junto ao mercado publiciário de que seus comunicadores, esses sim, são os verdadeiros influenciadores.

O blog Radioamantes esteve nesta semana na sede da Capital, no bairro do Paraíso, em São Paulo, para um bate papo com parte da nova cúpula da Capital: Rogério Andrade, diretor artístico, Marcello Cesário, diretor comercial e Luiz Carlos Ramos, diretor de jornalismo. Eles, ao lado de José Eduardo Pereira, diretor administrativo,  estão  comandando os destinos da emissora desde o último dia 1º de dezembro.

Transmissões multiplataforma

No que diz respeito à transmissão multiplataforma, a Capital tem feito testes nos últimos dias. A intenção não é ser uma Panflix, ambiciosa plataforma de imagem da Rádio Jovem Pan, e sim a de estar presente nos principais lugares da Internet que transmitem vídeo. Essa é uma prioridade maior até do que investir na migração do AM para o FM. Existe a percepção de que vai ser um processo muito caro, muito demorado, especialmente nos grandes centros, e ainda há uma desconfiança de que os ouvintes não terão acesso aos novos receptores.

O que anima a direção da Capital a investir mais em multiplataforma é que ela consegue números bastante expressivos na transmissão de sua programação via aplicativos de áudio. Recentemente, o programa do padre Marcelo Rossi, veiculado durante as manhãs, teve mais de 80 mil ouvintes, marca bastante comemorada pela atual direção.

Rede Capital

Outro processo que está em andamento é a mudança de marca. Nos próximos meses, a emissora será chamada por Rede Capital. Isso também deverá ajudar em outra das intenções dos atuais comandantes que é a de abrir a possibilidade para que a programação possa ser transmitida em rede para emissoras interessadas. E o modelo a ser adotado será mais flexível do que o observado em outras emissoras. Se uma emissora do interior quiser retransmitir, de forma oficial e assídua, apenas a Carta da Saudade, de Eli Corrêa, ela terá essa possibilidade. O mesmo modelo servirá para outros programas como o Capital da Bola e o de Paulo Lopes, a estrear no próximo dia 3 de fevereiro, por exemplo.

Planos comerciais

Do ponto de vista comercial, a Rádio Capital fechou um ano muito bom, em que se pese o período de indefinição que a emissora viveu em parte de 2019. Números não foram revelados, mas pode-se dizer que ela fatura bem mais do que muita emissora de televisão. O pico ocorreu a partir do segundo semestre.

A nova direção comercial está fazendo um trabalho para mostrar às agências de publicidade que apresentadores como Eli Corrêa ou Paulo Lopes, pela longevidade em suas respectivas carreiras e pela forma de comunicar,  têm muito mais penetração junto a camadas do público que muitos influenciadores da moda. A emissora pretende adotar formatos mais maleáveis, envolvendo os comunicadores, em especial o Branded Content, no qual a marca é associada com informação ou diversão. Esse conceito desenvolvido por nomes consagrados do rádio promete muito. A equipe comercial receberá reforços a partir do mês de fevereiro, com a chegada de quatro profissionais que terão a missão de fazer a Capital mais ativa comercialmente.

Perfil de ouvintes

O público da Rádio Capital está nas classes C, D e E, maior de 40 anos e feminino. Existe uma intenção de ampliar esse público, mas sempre procurando um equilíbrio para atrair gente mais jovem para a base de ouvintes, mas sem espantar os que já são fieis. Aliás, algo que impressiona a atual direção é a fidelidade dos ouvintes mais maduros. Eles agem diretamente na programação e qualquer mudança de cinco minutos já é tratada como se fosse uma mudança na família. A emissora não tem receio de trabalhar com esse público, pois a expectativa de vida do brasileiro é muito grande e o público com mais de 70 anos tem uma cabeça muito ativa.

Até pelo perfil atual que a Capital quer atingir que é muito difícil que se volte a investir em transmissões de futebol. Já existe um programa que fale sobre o assunto nos finais de tarde da emissora, o Capital da Bola. No entanto, se chegar uma proposta comercial que possa ser considerada excelente, uma exceção poderá ser aberta.

Apesar da emissora ser a líder no ranking de audiência do AM, com boa vantagem sobre a concorrência, o número de ouvintes da faixa como um todo vem diminuindo. A direção está atenta para isso e está estudando os motivos desse fenômeno.

Prioridade para o horário nobre

Sobre a programação, a emissora pretende investir em uma faixa que começa às 04h, com o programa de Julio Cesar, que passará a ser ao vivo em 3 de fevereiro, e vai até as 19h, quando termina o Capital da Bola. As noites e madrugadas vão ser reservadas para igrejas. São horários ociosos e que não impactam nos relatórios de audiência. Caso surja alguma proposta do mercado publicitário interessante, esse quadro até poderá mudar. O mesmo se aplica para alguns períodos do final de semana.  No entanto, a prioridade é naquilo que convencionou a chamar de horário nobre do rádio (as manhãs) e o período da tarde.

Eli Corrêa e os padres

Além da estreia de Paulo Lopes, como seu debate, no próximo dia 3, a Capital vai contar com a participação de Eli Corrêa em sua programação. O comunicador renovou contrato até 2022, após muita expectativa criada por ele próprio no mês de dezembro. Além dele,  Cinthia e Eli Corrêa Filho seguem no ar.

Uma estratégia de programação importante para a emissora nesse atual momento é colar os dois padres campeões de audiência. Assim que termina o programa do padre Marcelo, já se inicia a parte do padre Juarez dentro do Tamo Junto. Apesar de pertencerem a correntes diferentes da Igreja Católica, os dois se dão muito bem. As diferenças de estilos atendem aos anseios do público. Enquanto o padre Marcelo é mais espiritual e emotivo, por outro lado, o padre Juarez é mais didático.

A negociação com Marcos Tolentino

Durante o papo com o Radioamantes, a história envolvendo a possível negociação da emissora, em maio do ano passado foi esclarecida. De fato, houve um interesse do empresário Marcos Tolentino em comprar a Rádio Capital.  Ela nunca esteve a venda, mas uma vez que houve a manifestação da outra parte na aquisição, o espaço físico da emissora e o parque técnico foram abertos para que emissários de Tolentino tomassem ciência da situação da empresa. Tal situação foi comparada como a venda de um carro. Quem quer comprar,  vai conhecer o veículo e até acaba dando um passeio, não necessariamente fechando um negócio.

Desgastes naturais e concorrência só do FM

Há um consenso de que o atual momento da Capital é espetacular. As decisões são tomadas e conversadas por um colegiado. “Não há nenhum ditador aqui”, é uma frase a se destacar dessa conversa. Sobre a gestão anterior, há o reconhecimento de que houve um casamento bem sucedido, iniciado em 2006. O término ocorreu devido a desgastes naturais inerentes a qualquer tipo de relacionamento.

Outro ponto em comum é o lamento de que no segmento da Rádio Capital, não existam grandes concorrentes em AM. Apesar dos bons números, a Rádio Record ainda não é considerada uma concorrente de peso. A Globo, por sua vez, abriu mão de fazer esse tipo de rádio. Os grandes concorrentes atualmente estão no FM.

rádiocapital

 

5 comentários em “Rádio Capital chega aos 42 anos longe de turbulências e de olho em seu futuro

  1. Salvo engano, embora sendo de Belém do Pará, a Raio Capital já foi uma rede de emissoras A Ms.Nos anos 80 e quando se dizia que o grupo pertencia ao Maluc.Cheguei ouvir transmissões esportivas no Rio e em BH.O rádio de um modo geral caiu muito em todo o país.Equipes esportivas reduzem cada vez mais seus integrantes quando não são extintas.A TV mas sobretudo a internet e suas plataformas sociais, concorreram para isso.Via nova ‘a Capital.

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